domingo, 19 de abril de 2009

Os donos da verdade do movimento espírita !

Eu gostaria muito de escrever sobre outros assuntos, sob outros enfoques, como a visita de Jesus a Zaqueu, alguns trechos dos Evangelhos sob o enfoque espírita, evangelização, mediunidade etc... aquilo que alguns chamam de “artigos mais amenos”, mas não dá, pelo menos agora. Torna-se necessário que toquemos em algumas teclas, repetidas vezes, haja vista que a recomendação de Denis, quanto a “o futuro do Espiritismo depende do que os espíritas fizerem dele” é muito atual e precisa ser tratada sempre.

Vou procurar conduzir esta matéria dentro da maior coerência possível, recorrendo a raciocínios que, pelo menos ao meu ver, estejam dentro da lógica mais lógica, para que você possa questionar: Será que o Alamar está colocando um simples achismo seu na análise desta questão, será que está equivocado na abordagem, será que está querendo fazer tempestade em copo d’água ou será que está correto na sua forma de analisar o problema?

Muitos confrades nossos, muitas vezes “experts” em suas respectivas profissões, principalmente quando são elementos possuidores de “curso superior”, o que nem sempre tem a ver com “nível superior”, se auto valorizam tanto a ponto de considerarem outras pessoas do movimento espírita como semi-analfabetas ou analfabetas por inteiro.

Fazem análise do Espiritismo sob a ótica da sua profissão. Deixe eu explicar bem isto:

Alguns confrades que profissionalmente são advogados, sobem numa tribuna espírita e escrevem em periódico espírita, como se o Espiritismo fosse uma prática de âmbito jurídico, fosse desenvolvido dentro de um fórum e devesse ser tratado na formalidade do “data vênia”, “transitado em julgado”, “vamos fazer uma juntada aos autos do processo”, “há ou não há jurisprudência para isto”... e por aí vai.

Se o confrade é médico, quer tratar o espiritismo como se fosse uma causa hospitalar, dentro das terapêuticas recomendadas pela sua especialidade, analisando o quadro do paciente...

Alguns contadores, no exercício da atividade espírita, trabalham como se determinadas tarefas incidem ou não no imposto de renda...

Alguns policiais espíritas não conseguem separar a prática espírita de caso de polícia, muitos militares não conseguem compreender que os freqüentadores e trabalhadores da instituição não são soldados sob a sua ordem unida... enfim, há uma confusão enorme.

No campo das “verdades espíritas” a coisa se agrava mais, chegando ao ponto de se tornar irritante e lamentável, tamanha a presunção de determinadas criaturas.

Deixe eu colocar aqui mais uma ilustração. (é “deixe eu” mesmo, que eu quero escrever. Não estou a fim de escrever “deixe-me”).

Sou profissional da área de televisão e da área de informática.

Como profissional de informática tive a oportunidade de ser notícia em nível nacional, por três vezes, referente a três realizações que fiz, que nada têm a ver com a área espírita: Um sistema de informatização policial, para a Secretaria de Segurança Pública do Pará; que na época era o único no País; o sistema TELECONOMIA, que levou-me a ser convidado ao Planalto até pelo presidente da república e o “Namoro por computador”, (fui pioneiro nisso também), que é mais ou menos isso que fazem aí nos maiores sites de informática, como o “Par Perfeito” e outros. Nas três vezes fui notícia em jornalísticos da Rede Globo (jornal Hoje e Jornal da Globo), Folha de São Paulo, Estadão, O Globo, Jornal do Brasil etc...

Pois bem.

O que você acharia de mim se, por causa disso, eu adotasse uma postura achando incompetentes todos os demais profissionais de informática do Brasil, auto rotulando-me como o conhecedor exclusivo das melhores técnicas de análise e programação de computadores?

Não é precisa você responder não, deixe que eu mesmo respondo: considerar-me-ia um imbecil.

A informática tem várias especialidades, dentre as quais em muitas eu sou praticamente analfabeto, embora faça bem outras. Além do mais, ela requer dos seus profissionais atualizações constantes, o que quer dizer que, se eu não acompanhar o rapidíssimo avanço tecnológico, limitando-me à cultura dos computadores de dez ou vinte anos atrás, estarei na condição de cem por cento analfabeto no assunto.

Se eu me consideraria um imbecil em subestimar a competência de todos os outros profissionais da informática, que é um segmento pequeno, imagine como eu me consideraria se fosse mais além em subestimar, por exemplo, a competência e a inteligência de todos os demais espíritas!

Onde é que o Alamar quer chegar com isso?

Quero apenas convidar algumas pessoas, do nosso movimento espírita, a momentos de reflexões um pouco mais racionais.

Mas preciso ilustrar mais, para que o assunto fique bem compreendido.

Qual é o espírita que fica satisfeito quando assistimos o padre Quevedo dizer na televisão que Chico Xavier foi um falsário, que as suas obras são todas falsas, que a obra do Humberto de Campos, por exemplo, psicografada por ele não tem nada de Humberto de Campos, que as obras assinadas por Vitor Hugo não tem nada de Vitor Hugo e que tudo é enganação, embuste e animismo?

Os espíritas mais fanatizados pelo Chico, os chamados “chiquistas”, aqueles que não acreditam na existência de mais nenhum outro médium espírita a não ser o Chico, então, são os que mais ficam com raiva, não é verdade?

Pois bem. Essas mesmas pessoas, também espíritas, fazem exatamente a mesma coisa em relação a outros médiuns, os quais elas não suportam, mas que são também admirados e respeitados por outros espíritas.

Aí perguntamos: Que diabo de coerência doutrinária é essa? Onde está o Evangelho que o próprio Chico, seu ídolo maior, vivenciou a vida inteira?

Ou será que temos que pregar uma coisa e praticar o famoso dois pesos e duas medidas? Não gosto que façam comigo, mas disponho-me a fazer com os outros?

Encontramos, em nosso movimento, pessoas que condenam outras sem ao menos conhecê-las. Apenas com base no “ouvi dizer” ou no “tenho a impressão que”. Há quem condene obras sem ao menos ter lido, apenas também na base do “ouvi dizer”ou na sustentação da máxima do Osvald de Andrade “não li e não gostei”.

Vou fazer referência aqui, mais uma vez, ao professor Divaldo Pereira Franco, médium e conferencista conhecido por milhares de espíritas.

Teria sentido eu afirmar aqui que o Divaldo é um médium perfeito, fantástico e extraordinário, só porque eu gosto dele e ele é meu amigo?

Não. Não teria sentido. Eu poderia, nessa onda, dizer que a minha avó foi a maior médium da Bahia, só porque era minha avó.

Vejam bem, amigos: O Divaldo já tem 177 livros psicografados, em estilos diferentes, por espíritos com características distintas.

No meio dessa obra, há uma coleção de vários livros de uma série chamada, “série Psicológica”, de autoria do Espírito Joanna de Ângelis, que fora freira... católica, obviamente... na sua última encarnação.

A obra se propõe a orientar pessoas quanto ao seu comportamental, tratando de assuntos psicológicos de um modo geral.

Faço-lhe uma pergunta:

Caso o Alamar dissesse em seu programa de televisão ou em um artigo seu, que ele recomenda que você compre toda a obra da Joanna de Ângelis, porque ali está a verdade absoluta da Psicologia mais avançada, eficiente e atualizada, e citasse Sigmund Freud, Carl Gustav Jung, Alfred Adler, Carl Rogers, Wilhelm Wundt, William James, Eugen Bleuler, Josef Breuer e outros, e ainda citasse o Blair, que introduziu a Psicanálise no Brasil e que fora assassinado por uma paciente, que lhe deu três tiros, achando que ele a engravidara mentalmente... e outras citações só para impressionar, você aceitaria cegamente, só porque gosta do Alamar?

Claro que não, gente!

O Alamar não é Psicólogo, não é Psiquiatra nem qualquer tipo de profissional desta área!

O que ele poderia indicar para você, de cátedra, é que o Delphi é uma das mais eficientes linguagens de programação de computadores. Aí sim.

Tudo bem. E como eu poderia ter uma avaliação sobre a obra da Joanna? Ouvindo um Psiquiatra ou um Psicólogo?

Também não. A palavra de UM... pelo menos para mim... não é o suficiente.

Se este um for, por exemplo, católico seguidor da Quevedologia, já se sabe o que ele vai dizer.

Mas pode também ser um psicólogo ou psiquiatra espírita! Será o suficiente?

Também não! Há vários aspectos a serem considerados. Pode ser esse um espírita fanático pelo Divaldo, ou seja, um “divaldista”... (eu já disse várias vezes, em minhas matérias, que no universo espírita existem os “chiquistas”, “divaldistas”, “herculanistas”, “roustainguistas”, “medradistas”, “guiomaristas”, “ubaldistas”, “armonistas” e um monte de “istas”)... o que prejudicaria a avaliação. Pode ser também um espírita inimigo de Divaldo! (eu já disse também em matéria anterior, que o movimento espírita hoje é constituído de “inimigos da FEB”, “inimigos de roustaing”, “inimigos da FEESP”, “inimigos de Divaldo”, “inimigos do Alamar”, “inimigos do sorriso e da alegria”)... o que prejudicaria, também, a avaliação.

Os dois extremistas não podem ter credibilidade, em situação nenhuma!

O que eu faria, então, para chegar a uma conclusão?

Vou lhe dar a minha posição pessoal:

Em primeiro lugar eu verifico se a obra é boa para mim. Caso eu resolva fazer uma vitamina que mistura goiaba, morango, melancia, leite e uma pitada de bicarbonato (o que não é comum), bato em meu liquidificador, acho gostosa, analiso que não tem contra indicações para a minha saúde, e passo a gostar, não importa se outras pessoas vão gostar ou não. Para mim é bom, é gostoso, e pronto.

Mas, no caso em questão, a análise não é tão simplória assim, porque trata-se de uma coisa mais complexa, que envolve tratamento de criaturas humanas, onde uma palavra, um conceito equivocado ou uma recomendação impensada pode levar pessoas à depressão, à loucura, ao suicídio à prática de um crime ou de qualquer atitude trágica. É, de fato, coisa muito séria.

Embora determinado livro, ou colocação feita em um trecho do livro, pode ter feito muito bem para mim, a análise da obra por completo deve ser feita junto a profissionais da área, o máximo possível, tanto em quantidade quanto em qualidade técnica.

Já que ouvi alguém, espírita, profissional da área, dizer que não gosta da obra, resolvi fazer uma das coisas que mais gosto de fazer (que é até um vício meu) que é a pesquisa. Passei a puxar conversas sobre o assunto com vários profissionais da área, Psicólogos e Psiquiatras, de várias partes do Brasil, uma vez que, por força do meu programa de televisão, tenho a felicidade de conhecer muita gente no País inteiro e ser conhecido por muitos, também, amigos com os quais troco muitos E-mails, telefonemas e os encontro também nas diversas vezes que viajo para as cidades, convidado que sou para proferir palestras.

Ouço a grande maioria afirmar que a obra da Joanna de Ângelis, chegada a nós pela psicografia de Divaldo Pereira Fanco, é simplesmente maravilhosa, muitos a aplicam em seus consultórios e relatam excelentes resultados no tratamento de pacientes. E tem outro detalhe: quando estou falando aqui em grande maioria, reforço que é quase uma unanimidade, tamanho o percentual favorável. Não induzo ninguém a nada, primeiro porque não costumo fazer isto nem seria tão burro em querer enganar a mim mesmo, segundo porque esse tipo de público não se deixaria enganar tão facilmente assim, a ponto de emitir conceitos só para agradar.

Quando eu disse isto a um amigo que é um homem espírita, muito respeitável, sério, honesto, profissional da área, mas que não gosta do Divaldo, ele questionou-me: “que nível de psiquiatras e psicólogos você se relaciona?” concebendo, talvez, uma ingenuidade de minha parte a ponto de formar conceitos sobre Psicanálise baseado em opiniões de Psicólogos e Psiquiatras em nível apenas recém saídos da faculdade, sem experiência nenhuma.

De fato, eu seria muito ingênuo.

O Dr. Adenauer Marcos Ferraz Novaes, possuidor de múltiplos cursos superiores, que é Engenheiro Civil, Filósofo, Analista de Sistemas e Psicólogo, atuando mais intensamente como Psicólogo, é um homem que dedica horas e horas, diariamente, ao estudo e a pesquisa na área, não apenas em livros em Português, mas também em Inglês e outros idiomas. É um homem extremamente competente em tudo o que faz, honesto, íntegro e BOM. (não estou exagerando no bom!). O Dr. André Luiz Peixinho, também é Doutor e Mestre em Medicina, Filósofo e Psicólogo da mais alta competência e viciado em estudar. Ambos meus amigos, muito queridos.

Além destes, inúmeros outros, onde se registram doutorados na Sourbone e em várias outras Universidades do Mundo, Mestres e Doutores em Universidades Brasileiras de alto conceito.

Restaria, a mim, dizer o quê?

Não sou apaixonado pela Joanna e muito menos pelo Divaldo. Considero a nossa amiga como uma freira, porque ela nunca deixou de ser, cuja base cultural foi feita dentro da Igreja Católica, que trás ainda alguns conceitos católicos, sem dúvida alguma, e inclusive não terei a menor dificuldade em discordar dela quando afirmar algo dentro de um tema que eu tenha conhecimento e que esteja em desacordo com o que sei.

Eu acho que isto é coerência, gente!

Do mesmo jeito que acho que deve existir alguma coisa, não sei exatamente o que é, em pessoas inimigas do Espiritismo, como os adeptos da Quevedologia, que têm verdadeiros ódios do Chico Xavier e das suas obras, incapazes de levarem em consideração o volume de pessoas, contadas aos milhões, que se beneficiaram, melhoraram as suas condutas de vidas, aperfeiçoaram-se moralmente, tornaram-se mais próximas do amor ao próximo, graças à sua obra, acho a mesma coisa em relação aos “donos da verdade” do movimento espírita, que não suportam outros espíritas e que nutrem exatamente o mesmo nível de ódio em relação a outros confrades, sem conseguirem perceber os mesmos benefícios que eles proporcionam a milhares e talvez milhões de pessoas.

Não adianta criticarmos e repudiarmos as atitudes dos detratores do Espiritismo, que nos atacam, agridem e ofendem, com seus radicalismos, seus achismos, seus fanatismos religiosos e seus ódios pessoais se nós espíritas costumamos fazer exatamente a mesma coisa em relação a confrades nossos, embora estejamos fazendo palestras em centros espíritas recomendando o amor ao próximo e doutrinando espíritos em reuniões mediúnicas recomendando que perdoem os seus desafetos.

Existe uma palavra que virou moda no movimento espírita agora, que é a “Alteridade”, que consiste em respeitarmos as pessoas como elas são, respeitar os seus direitos de expressão, opinião, interpretação, ação e tudo. Os meus amigos Alkindar de Oliveira e Eugenivaldo Forts, dois dos mais respeitáveis espíritas do estado de São Paulo, têm feito palestras e seminários maravilhosos acerca deste assunto. Todavia vários segmentos do nosso movimento, inclusive pessoas notáveis, estão fazendo totalmente ao contrário, mantendo posturas da idade média, cerceando os direitos alheios e até ficando inimigas de quem pensa diferente delas. É lamentável.

Relembremos Leon Denis: “O futuro do Espiritismo será aquilo que os espíritas fizerem dele”.

Será que estamos construindo um bom futuro?


Fonte : Alamar Régis Carvalho alamar@redevisao.net

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