Não deram ouvidos a ninguém, partiram e adentraram à imensa mata. Depois de andarem por mais de três horas levaram um susto, ouviram o miado de uma onça. Pararam amedrontados e ficaram bem quietos. Mais alguns minutos e o miado da onça se fez ouvir mais de perto. Resolveram andar ao lado oposto do som ameaçador. Mais um pouco de tempo e o miado se fez muito alto, definitivamente a onça estava muito perto deles.
Apavorados, largaram mochila e tudo o mais que traziam e saíram em disparada mata a dentro. Correram, correram até não mais ouvir miado algum. Pararam e resolveram voltar para pegar tudo o que tinham deixado lá atrás.
Andaram, andaram, andaram e nada de encontrar o lugar onde haviam deixado as coisas. Já cansados perceberam que começara a anoitecer. Resolveram, então, parar e dormir ao pé de uma árvore. No dia seguinte continuariam a procurar.
O dia amanheceu e empreenderam nova busca, depois de algum tempo, novo miado de onça e nova correria dentro da mata. Safaram-se, o perigo passou mas constataram que definitivamente estavam perdidos naquela imensidão verde. Agora o importante já não era recuperar as coisas mas sim sair da mata e ir para casa. Foi o que resolveram fazer.
Comendo alguns frutos quando os encontravam e bebendo a água da chuva, andaram um dia, dois, três, quatro, cinco dias. Entraram em inúmeras trilhas que, quando não davam em um paredão rochoso, davam em um abismo e nada de encontrar o caminho para casa. Foi quando, de repente, encontraram-
Acompanhe diálogo:
- "Bom dia, meus jovens, no que posso ajudá-los?" - disse o velhinho.
- "Bom dia? O que é que você, velho maluco, está fazendo aqui no mato?" - perguntou um dos rapazes.
- "Eu estou procurando a trilha da saída dessa mata".
- "Nós também, estamos procurando a saída há cinco dias e ainda não encontramos.
- "Só cinco dias? Eu estou aqui há 35 anos, no que posso ajudá-los?"
- "Como vai ajudar a gente, velho idiota? se faz 35 anos e você ainda não achou a trilha da saída? Você é um fracasso" – e riram-se do velhinho.
- "É, eu ainda não sei onde está a trilha da saída mas sei de oito mil, setecentas e quarenta e seis trilhas que não dão a lugar algum".
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Não existe o fracasso, o que existe é a descoberta de formas que não devem ser usadas para se fazer algo. Mas cuidado, se você tentar atravessar uma parede jamais conseguirá, ainda assim isso não é um fracasso, é a tentativa de realizar algo impossível.
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