domingo, 19 de abril de 2009

O QUE É PRECISO PARA SER SALVO


Venham vocês, que são abençoados por meu Pai. Recebam como herança o reino que meu Pai lhes preparou desde a criação do mundo. Pois eu estava com fome, e vocês me deram de comer; eu estava com sede, e me deram de beber; eu era estrangeiro, e me receberam em sua casa; eu estava doente, e cuidaram de mim; eu estava na prisão, e vocês foram me visitar. Mateus, 25:34-36

Caridade e humildade – as duas virtudes que se opõem ao egoísmo e ao orgulho – resumem toda a moral de Jesus. Em tudo o que ensinou, ele mostrou essas virtudes como o caminho da felicidade eterna. Nas bem-aventuranças, Jesus contemplou os pobres de espírito (isto é, os humildes) prometendo-lhes o reino dos céus. E citou textualmente os puros de coração, os brandos e pacíficos, os misericordiosos. 

Pregou o amor ao próximo dando como medida o amor de cada um a si mesmo. Incentivou as pessoas tratar os outros como gostariam de ser tratadas. Propôs o amor aos inimigos e o perdão das ofensas como condição de obter perdão e misericórdia. Alertou para o bem feito sem ostentação e advertiu que, antes de julgar os outros, cada um julgasse a si próprio. Ele combateu sem cessar o orgulho e o egoísmo, assim como recomendou e exemplificou sem cessar a humildade e a caridade. Mais que isso, colocou explicitamente a caridade como condição absoluta da felicidade futura.

Aos homens com os quais falava, ainda incapazes de compreender as coisas puramente espirituais, Jesus apresentou o julgamento final com imagens materiais, capazes de impressionar seus ouvintes. Para ser melhor aceito, não se afastou, igualmente, das idéias vigentes quanto à forma. Caberia ao futuro a verdadeira interpretação de suas palavras e dos pontos que não podia então explicar claramente. Ao lado das figuras e alegorias do quadro, no entanto, há uma idéia que se sobressai: felicidade para os bons e infelicidade para os maus.

No julgamento supremo, ele deixa claro que não se perguntará sobre o cumprimento desta ou daquela formalidade, sobre a maior ou menor observância  desta ou daquela prática exterior. Ao contrário, o juiz sentencia que os que assistiram seus irmãos passem à sua direita e os que foram duros com eles passem à sua esquerda. Ele tampouco se informa da ortodoxia da fé, ou distingue entre os modos diversos de crer. Antes ele coloca o samaritano – então considerado herético – que ama o próximo acima do ortodoxo que falta com a caridade. 
 
Jesus não fez da caridade uma das condições de salvação. Ele a colocou como única condição. Isso porque ela encerra, implicitamente, todas as demais virtudes: humildade, doçura, benevolência, indulgência, justiça. E porque é a negação absoluta do orgulho e do egoísmo. Daí porque, para o Espiritismo, todos os deveres do homem se resumem a esta máxima: Fora da caridade não há salvação.
 
Allan Kardec, 
O Evangelho segundo o Espiritismo, 
Capítulo XV.



Nenhum comentário:

Postar um comentário